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Os preços enquanto fontes de dados

Publicado a 14 SETEMBRO'17, por NUNO ANTÓNIO em Operações Hoteleiras, Inovação, Gestão

Continuando a abordar as diversas fontes de dados que estão à disposição dos hoteleiros para reunir informação importante na tomada de decisão, debruço-me agora sobre os preços - sobretudo aqueles a que os consumidores têm acesso online.
Como referido anteriormente, a par da reputação social e da localização, o preço é um dos principais fatores influenciadores de compras em hotéis. Por esse motivo, é importante que o hoteleiro tenha uma clara perspetiva do posicionamento do seu hotel em relação aos seus concorrentes, seja em relação ao seu competitive set (CS) ou aos preços praticados na sua região contra outras regiões concorrentes. 
 
A internet veio permitir que os clientes tenham acesso - em qualquer local, a qualquer hora - aos preços praticados por uma unidade hoteleira para uma determinada data futura, atendendo a uma estadia com determinadas características. Isto permite-lhes comparar preços entre os vários distribuidores (entre eles o próprio hotel), mas permite também ao hotel avaliar mais facilmente os preços praticados pelos seus concorrentes. Sob esta última perspetiva, importa, no entanto, mencionar que o registo sistemático dos preços praticados pelo seu CS para um período futuro (como os próximos 365 dias), a ser feito de modo manual, pode ser uma tarefa dantesca, especialmente se tivermos em conta que hoje em dia a maioria das unidades hoteleiras aplica algum tipo de gestão de receitas e, como tal, está constantemente a alterar os seus preços. Além disso, ainda são constantemente definidas táticas e medidas de controlo que têm impacto nos preços – como os limites mínimos de estadia, os dias sem chegadas, os dias sem partidas, entre outras. Apesar de se poderem criar algumas heurísticas para minimizar a tarefa de registar os preços para datas futuras - como, por exemplo, diariamente, apenas registar os preços dos quartos duplos do seu CS para os próximos 15 dias; e de seguida, semanalmente, registar os preços dos quartos duplos do CS para estadias de 3 noites e 5 noites, para chegadas a 21, 30, 45, 60, 90 e 120 dias - ainda assim, este registo sistemático, manual, é complexo, demorado e está sujeito a erros.
 
Felizmente, existem hoje em dia inúmeras ferramentas de rate shopping que permitem definir um CS e os prazos de atualização dos preços, algumas delas permitindo até criar alarmísticas e informar quando os preços para determinados dias ultrapassam certos limites; ou quando, por exemplo, as vendas são fechadas ou abertas para uma demarcada data. Outra das mais valias que estas ferramentas oferecem é a possibilidade de exportação destes dados, ou a obtenção dos mesmos de forma programática, o que permite utilizar os mesmos em análises mais complexas, incluindo a fusão com dados de outras fontes para melhor perceber a relação entre as variáveis e a partir daí entender, por exemplo, o impacto que o preço e a reputação social podem ter na taxa de ocupação da unidade hoteleira, entre outras situações.
 
A verdade é que sendo a Hotelaria uma indústria de presença global, onde hoje em dia os clientes têm acesso facilitado a ferramentas de comparação de preços (como o Trivago, o Momondo, o Skyscanner, entre outras), o hoteleiro só consegue sobreviver se tiver acesso ao mesmo tipo de ferramentas. Só assim conseguirá conhecer verdadeiramente o seu posicionamento e simultaneamente, medir o impacto da sua política de pricing na sua proposta de valor.

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Sobre o Autor

Nuno António

CTO na ITBase / WareGuest, com um extenso currículo que vai do Ensino Superior à Consultoria de TI e desenvolvimento de software, é perito na análise e estimativa de requisitos para desenvolvimento de aplicações informáticas. Possui um forte grau de especialização em Gestão Hoteleira e Retalho e frequenta atualmente o Doutoramento em Tecnologia e Ciências da Informação.

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